sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Deu na Carta Capital


O Jardim do Entreguismo

04/09/2009 14:58:41

Mauricio Dias

O debate em torno do marco regulatório do pré-sal mostrou toda a irrelevância da CPI da Petrobras, criada pela oposição para fugir do enfrentamento com a verdadeira agenda das questões mais importantes para o País. Questões que o governo Lula entrega para o debate.

Mas essa não é a única razão a impedir a CPI de atingir os objetivos políticos subalternos que nortearam a sua criação. Não é preciso ser especialista em águas profundas para descobrir outros motivos, capazes de anular as investigações sobre todos os patrocínios solicitados por parlamentares e concedidos pela estatal durante o governo FHC. Eis alguns exemplos:

• O senador peemedebista Pedro Simon, em 2000, endereçou documento à presidência da empresa pedindo a construção de uma usina termoelétrica em Canoas (RS). E ainda indicou a fonte de energia: “Gás da Argentina”...

• O hoje governador do Distrito Federal, à época senador pelo PSDB, pediu patrocínio para a publicação do
Guia do Século XXI e para o filme Veias e Vinhos, uma História Brasileira, além de interceder em favor do longa-metragem
Sorria, Jesus te Ama!

• Arruda encaminhou um projeto de financiamento que fez sucesso na Petrobras:
Declare Amor à Vida Correndo. A grana saiu rapidamente.

• Hoje, brigando com a estatal por questão dos royalties, o governador capixaba, Paulo Hartung, solicitou ajuda financeira para o Congresso Internacional de Psicanálise, realizado em agosto de 2000. E Sérgio Cabral, governador do Rio, também brigando pelos royalties, pediu dinheiro para a restauração do Convento de Nossa Senhora do Carmo.

• O petista carioca Carlos Santana, em 2001, em plena oposição, batalhou pelo projeto
Acorda Zumbi e Renato Viana (SC) pleiteou verba para financiar a VI Corrida da Fogueira Grená, em Blumenau.

• O então senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), chefe da assessoria técnica da oposição na CPI, bicou a estatal apesar de o tucanato tentar privatizá-la: a assinatura dele chancela desde um projeto musical intitulado
Isto É o Rasqueado de Mato Grosso para o Brasil até uma gorda verba para o
XXI Festival de Pesca de Cáceres.

• Lúcio Alcântara (PSDB-CE) foi o padrinho de um
Festival de Jazz e Blues, em 2002, enquanto o paraibano Ronaldo Cunha Lima insistiu muito num capilé para o Presépio Vivo do Natal de Campina Grande.
• O deputado federal Josué dos Santos Ferreira (PL-SP) batalhou a verba de 73 mil reais para um livro intitulado
Os Meandros do Congresso Nacional.

• O projeto teatral
Você Tem Que me Dar seu Coração foi apadrinhado pelo deputado federal Paulo Baltazar (PSB-RJ), que, não satisfeito, pediu mais dinheiro para A Outra.

• O deputado monarquista Cunha Bueno (SP) intercedeu em favor de um adjutório para a Federação Paulista de Karatê, e o colega dele, Pedro Chaves (DF), queria dinheiro para os “
torneios de pelada no entorno sul de Brasília”.

• O tucano Luiz Carlos Hauly (PR), um dos maiores frequentadores do caixa de patrocínio da empresa, conseguiu levar 200 mil reais para o Festival de Teatro de Londrina. Ao mandar fax agradecendo, aproveitou e pediu mais 50 mil reais “pela importância do evento”.

Há pedidos, e são muitos, de senadores e deputados em favor de empresas de amigos, capazes de provocar mais um temporal sobre o Congresso.


Um comentário:

  1. Tropeçando na própria incompetência, Sérgio Cabral vem, ao longo de sua carreira política, acumulando derrotas que muitas vezes passam despercebidas. No quesito malandragem não resta dúvida de que Cabral é um dos mais espertos. Porém, em se tratando de estratégias que não sejam imediatistas, o sujeito comete erros políticos primários, principalmente por conta de sua prepotência. Nos faz lembrar o caso do ‘insuperável’ transatlântico inglês, com a qual ‘nem Deus podia’ segundo seus próprios construtores navais. E que se transformou no maior naufrágio da história. No Rio de Janeiro está acontecendo algo parecido com o caso do luxuoso transatlântico. Navegando com a soberba de construtor naval inglês, o Titanic do governador já tem dia e hora marcados para afundar.

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